Exposição março de 2012
Ano de Portugal no Brasil
A poesia de Florbela Espanca e Fernando Pessoa
Ano 2012 II
Técnica: Acrílica sobre MDF
Dimensões: 70 X 70 cmTítulo: “Voz que se cala” Do poema do mesmo nome de Florbela Espanca
Aquarelas
Na leitura dos poemas de Florbela, ao buscar algo que me tocasse e que visualmente pudesse transitar no atual imaginário das minhas pinturas – asas, vestidos suspensos em um espaço que considero um tanto silencioso, e formas de gaiolas abertas – escolhi “Voz que se cala” que pertence ao livro póstumo da poetisa, Reliquiae. e Não ser.
O primeiro poema fala do sentido de amar a natureza, amar todos os sonhos que se calam, de sentimentos pelo que é infinito e pequeno e no último soneto diz: “Asa que nos protege a todos nós! Soluço imenso, eterno, que é a voz do nosso destino!...”
O primeiro poema fala do sentido de amar a natureza, amar todos os sonhos que se calam, de sentimentos pelo que é infinito e pequeno e no último soneto diz: “Asa que nos protege a todos nós! Soluço imenso, eterno, que é a voz do nosso destino!...”
Voz que se cala
Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.
Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos o brando tilintarDe cristais que se afogam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.
Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!
Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...
Técnica: Acrílica sobre linho, colagem e gravura.
Dimensões: 60 x 80cm
Título: “Não ser” – Poder ser apenas florescência.
Nessa obra as figuras remetem ainda aos vestidos da minha série de pinturas, “Os segredos das asas douradas”. Os elementos – asas, chaves, cravos– se repetem assim como as vestimentas vazias; é através desta ausência que algo se torna presente, uma aderência ao “não ser”, não estar, e como no poema, poder ser astro, choupo, haste, ou seiva...
No vestido menor há uma colagem do poema escrito ao contrário, a nanquim e detalhes em tinta dourada.
Não ser
Quem me dera voltar à inocência
Das coisas brutas, sãs, inanimadas,
Despir o vão orgulho, a incoerência:
- Mantos rotos de estátuas mutiladas!
Ah! Arrancar às carnes laceradas
Seu mísero segredo de consciência!
Ah! Poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas!
Ser nostálgico choupo ao entardecer,
De ramos graves, plácidos, absortos
Na mágica tarefa de viver!
Ser haste, seiva, ramaria inquieta,
Erguer ao sol o coração dos mortos
Na urna de oiro de uma flor aberta!...
Capa do Catálogo